Ouro dispara em 2025 – Ainda Vale a pena investir?
O metal precioso supera US$ 4.000, mas a história mostra que nem tudo o que brilha é ouro.
O ouro é um assunto complexo e, na grande maioria dos casos, muito mal compreendido pelas pessoas.
Um dos conceitos mais distorcidos é o de que investir em ouro é “seguro”.
Mas não, não é.
O ouro é, na verdade, mais volátil até mesmo do que um ETF global, por exemplo.
De 1978 até hoje, não foram raros os anos em que o ouro caiu mais de 20% em um único ano.
Em 1981, o ouro teve uma forte queda de mais de 30%.
Em 1997, desvalorizou 21,7%.
E em 2013, caiu 27,5%.
Se você acredita que isso é investimento “seguro”, eu sinceramente não sei qual é a sua definição de segurança.
Ouro existe há milênios — mas você não vai viver por milênios
Outro argumento comum é: “o ouro existe há milhares de anos”. Sim, é verdade — o ouro acompanha a humanidade há milênios. Mas… você vai viver por milênios? Provavelmente não.
Portanto, o que importa são os resultados em anos e décadas, e não ao longo da história da civilização.
Como vimos acima, o ouro pode ir muito mal em vários anos. Nos últimos 50 anos, quase um terço deles teve retornos negativos.
O desempenho por décadas
Pouca gente sabe, mas o ouro atingiu seu pico histórico em 1980, chegando a cerca de US$ 680 por onça troy (aproximadamente 31 gramas).
O que aconteceu depois?
Foram quase 30 anos até que ele ultrapassasse novamente essa marca, com uma sequência de quedas que levou o preço para cerca de US$ 250 por onça no fim de 1999.
Com a crise financeira de 2008, o ouro voltou a se valorizar e, por volta de 2011, chegou próximo dos US$ 2.000 por onça.
Mas logo depois veio mais uma década de queda, e em 2015 o preço já estava de volta a cerca de US$ 1.000.
A recuperação para o patamar histórico de US$ 2.000 veio em 2020.
O metal se manteve estável até o início de 2024 e, a partir daí, disparou novamente, chegando ao recorde histórico de mais de US$ 4.000 por onça em 2025.
Sim, estamos no maior patamar da história.
Mas, como mostrei acima, o ouro passou por longos períodos de quedas e estagnação.
Ouro x ETF Global
De 1979 até 2025, um ETF global teve um retorno médio de cerca de 9,82% ao ano, enquanto o ouro entregou apenas 5,80%.
Além disso, o risco (volatilidade) foi maior no ouro:
ETF Global: desvio padrão (em inglês, Standard Deviation) ≈ 14,94%
Ouro: desvio padrão ≈ 17,93%
Ou seja, o ouro rendeu menos e oscilou mais.
Então… vale a pena investir em ouro?
Não é tão simples. O ouro pode fazer sentido em alguns contextos específicos, como:
Períodos de deflação (quando os preços caem e o poder de compra da moeda aumenta — o ouro tende a preservar valor enquanto ativos de risco despencam);
Períodos de hiperinflação (quando a moeda perde valor rapidamente e investidores buscam refúgio em ativos reais);
Eventos globais extremos, como guerras ou crises financeiras severas.
Em momentos assim, o ouro pode funcionar como um “seguro” — ele sobe justamente quando todo o resto está indo mal.
Mas, para ter esse seguro, você precisa aceitar que:
Ele pode ficar abaixo do mercado por muitos anos;
E vai reduzir sua expectativa de retorno no longo prazo, comparado a uma carteira com mais ações, por exemplo.
Um seguro é exatamente isso: tem um custo. Se nada de grave acontecer, parece que o dinheiro foi “jogado fora”.
Mas, se algo extremo acontecer, ele pode proteger seu patrimônio de perdas severas.
“Eu preciso desse seguro?”
Eu, Samuel, não.
Minha carteira de investimentos tem como objetivo o crescimento de longo prazo.
Mesmo que haja uma crise e meus investimentos em ações despenquem, eu não preciso do dinheiro agora — posso esperar anos ou até décadas pela recuperação.
Além disso, eu prefiro não abrir mão de retorno em troca de uma sensação de segurança. No meu perfil, aceito — e até comemoro — períodos de volatilidade nas ações, porque estou na fase de acumulação.
Ou seja, quedas são oportunidades para comprar ETFs “em promoção”.
Por que o ouro disparou agora — e por que é preciso cuidado?
Como vimos, o ouro está hoje no valor mais alto da história, com a onça superando US$ 4.000.
Uma das razões possíveis é a perda gradual da força do dólar como moeda de reserva global.
Por décadas, sempre que algo grave acontecia no mundo, os investidores corriam para o dólar, que se valorizava e servia como porto seguro.
Mas essa dinâmica vem mudando por várias razões — tensões geopolíticas, dívida americana crescente e o aumento do comércio entre países sem uso do dólar.
Com isso, o ouro voltou a ser visto como alternativa de reserva de valor.
Cuidado: “comprar guarda-chuva na tempestade”
Estar no topo histórico é ótimo — principalmente para quem já tinha ouro antes dele subir.
Mas, se você está comprando agora “porque não para de subir”, está jogando um jogo arriscado. É como comprar guarda-chuva durante a tempestade — você vai pagar caro.
Mais importante do que correr atrás do ativo do momento é ter conhecimento, estratégia e disciplina.
Esses três fatores — e não modismos — são o que realmente fazem um investidor ter sucesso no longo prazo.